quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MEMORIAL



QUANDO ERA CRIANÇA , ERA BASTANTE TÍMIDA.ENTÃO MEU PASSATEMPO ERA LER E DESENHAR... LEMBRO QUE TINHA UMA COLEÇÃO ENORME DE GIBIS E DA REVISTA "NOSSO AMIGUINHO". ADORAVA!
JÁ ADOLESCENTE LIA MUITO OS LIVROS DA COLEÇÃO VAGA-LUME, TENHO UM ATÉ HOJE - SOZINHA NO MUNDO, ME IDENTIFICAVA COM A HISTÓRIA.
ENTREI NA ESCOLA NORMAL E ME DELICIAVA COM AS AULAS DA PROFESSORA VALDEREZ E RENI, MONTAMOS ATÉ UM ESPETÁCULO GOTA D'ÁGUA DE CHICO BUARQUE.
GOSTO MUITO DE POESIA , APESAR DE ME ACHAR MUITO DIRETA. CONTINUO A GOSTAR DE DESENHAR , PINTAR , CRIAR...
CONFESSO QUE A LEITURA JÁ NÃO É UMA PAIXÃO , NÃO SEI O QUE ACONTECEU . NÃO TENHO PROBLEMA EM LER TEXTOS CIENTÍFICOS OU LIVRO PARA ALGUM TRABALHO, MAS POR LAZER... DÁ UMA PREGUIÇA! MAS TENHO ME ESFORÇADO E SEMPRE ESTOU LENDO ALGUMA COISA, QUEM SABE O PRAZER APARECE?
ESTOU NA SEDF HÁ 13 ANOS. SOU PROFESSORA ALFABETIZADORA, TRABALHEI COM SÉRIES INICIAIS, 3ª,4ª SÉRIES E EJA. ATUALMENTE ESTOU COMO PROFESSORA ITINERANTE DE DEFICIÊNCIA VISUAL E ESTOU AMANDO, DESCOBRI UMA NOVA PAIXÃO, UMA RENOVAÇÃO NA PROFISSÃO .

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

VOCÊ TROCA???????

VOCÊ TROCA?

Você troca..
Uma acerola por uma bola?
Um rolo por um jogo?
Um boné pelo Pelé?

Você troca...
Um banheiro por um faqueiro?
Uma tia por uma melancia?
Uma parede por uma rede?

Você troca...
A Catarina por uma rima?
Um castelo por um chinelo?
O Gustavo por um cavalo?
Uma pizza por uma lingüiça?
Você troca?
VINÍCIUS


Esta foi uma proposta de produção de texto realizada com meus alunos do 2º ano de alfabetização.
Levei para sala de aula o livro "você troca?" de Eva Funari, li , observamos as gravuras. questionei: o que vocês têm que gostariam de trocar?
após brincamos de rimar palavras e por fim a produção.foi muito legal e criativo. aí em cima é a turma e o texto é do Vinícius.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um pouquinho de história

A língua portuguesa originaria do latim vulgar lusitano falado pelos romanos que invadiram a Penísula Ibérica em 218 d.c. havia também o latim escrito, que era considerado uma língua de cultura de prestígio na época.
Em 409 d. c até 711- a língua teve influência dos povos germânicos e árabes aparecendo palavras que fazem parte do léxico atual do português.
Em 1095- com a reconquista cristã da Penisula Ibérica, o galego-português é instituído como língua oficial,mas no séc.XIII essa corrente literária foi extinta. Portugal decreta sua língua oficial, separando o galego do português por motivos políticos .
Nos séc. XIV ao XVI a língua portuguesa expandiu-se para a Ásia África e América. O português era arcaico, acrescentado de algumas palavras de origens italianas e gregos.
No séc. XVI o português é consolidado com o surgimento das primeiras gramáticas e dicionários. A grande obra "Os Lusíadas"de Luis de Camões é um marco do português moderno. Portugal se encontrava sob o domínio da monarquia espanhola, sugiram poucas transformaçõoeos na língua.
No séc. XVIII a cultura francesa predomina na sociedade metropolitana ocidental da época, afastando da língua falada em Portugal da língua falada nas colônias.
Nos séc. XIX e XX, com o advento tecnológico industrial, aparecem no léxico do português, palavras e termos técnicos que traduzem o avanço tecnológico e cientifico presentes em alguns países do mundo e que são inseridos no português.
No Brasil no período da colonização (séc.XVl) o português europeu falado pelos e a língua geral que era a língua indígena que servia como meio de comunicação, interação entre colonos, europeus e os índios.
Segundo o professor Ayron Rodrigues (1996) havia três línguas gerais :a língua Geral Paulista era a língua Tupi, falada pelos mamelucos (uso generalizado pelos bandeirantes; a língua guarani, comum, usada pelos mestiços) .
A língua geral amazônica era a língua tupinambá, era para contato entre os colonos, soldados portugueses e índios ; continuou sendo falada pelos mestiços ou cablocos com o tempo foi-se distanciando, mas apesar do seu declínio até hoje é falada por parte da população de S.Gabriel da Cachoeira, no Rio Negro.
Outras línguas indígenas faladas naquela época que foram desaparecendo.
Em 1758 o marquês de Pombal, temendo a perda da hegemonia da Língua Portuguesa no Brasil proibiu o uso das línguas gerais e decretou o português como língua oficial do Brasil, elas continuaram sendo faladas, mesmo pribidas.
No início do séc, XIX com a chegada da família real, D.João também proibiu que se falassem as línguas gerais.
No séc, XIII, o português brasileiro apresentava traços fonéticos, morfológicos, sintáticos e lexicais diferenciados do português europeu
Com a vinda dos escravos recebeu contribuições lingüísticas dos africanos, também dos imigrantes europeus e asiáticos que colonizaram o sul e sudeste depois de 1822.
Outro motivo de afastamento do português brasileiro foi o surgimento de uma literatura ufanista, criada pela corrente literária romântica brasileira levando em consideração os falares regionais que se intensificou com o modernismo. Os poetas e romancistas comvocabulos e expressões apresentam a evolução do português, além de conhecer o contexto cultural da época.
Segundo Silva Neto (1977) no seu livro ele afina que a formação do Português Brasileiro, tem concepções etnocêntricas carregadas de preconceito contra os grupos sociais destituídos de prestígio e poder na sociedade colonial e que exaltam a língua eo grupo
social hegemônico que ainda continuam arraigados.
No contexto social atual a língua portuguesa é falada em todo o território nacional com cerca de 170 milhões de falantes (dados do IBGE), nosso país é considerado monolíngue , contudo, apresenta diferenças lingüística regionais variações lingüísticas Os falantes têm um dialeto peculiar com diferenças fonológicas lexicais . As influências multilinguisticas que incidem em contribuições multiculturais .
O Brasil pode ser considerado multilíngue levando em conta as línguas indígenas que hoje são aproximadamente 180; são parentas próximas do tupi e do tupinambá que constituem a família lingüística tupi -guarani.

OS USOS SOCIAIS DA LEITURA E DA ESCRITA

A leitura é um processo complexo e abrangente de decodificação de signos e de compreensão de intelecção do mundo que faz rigorosas exigências ao cérebro, à memória e à emoção. Exige capacidade simbólica e habilidade de interação mediada pela palavra.
A escrita, não pode ser considerada desvinculada da leitura. Pela leitura construímos uma intimidade muito grande com a língua escrita, internalizamos suas estruturas e suas infinitas possibilidades estilísticas.
A leitura é a forma primordial de enriquecimento da memória, do senso crítico e do conhecimento sobre diversos assuntos sobre os quais se pode escrever. Em todas as formas de leitura, muito do nosso conhecimento prévio é exigido para que haja uma compreensão mais exata do texto. Conhecimento prévio sobre:

• a língua;
• os tipos de texto,
• o assunto.
Durante a leitura temos de compreender as intenções do autor . Sendo assim a leitura envolve:
• decodificação de signos;
• interpretação de itens lexicais e gramaticais;
• agrupamento de palavras em blocos conceituais;
• identificação de palavras chaves;
• seleção e hierarquização de idéias;
• associação com informações anteriores, -
• antecipação de informações, -
• elaboração de hipóteses, -
• construção de inferências;
• compreensão de pressupostos, -
• controle de velocidade;
• focalização da atenção;
• avaliação e verificação do processo realizado, -
• reorientação dos próprios procedimentos mentais.

Durante a leitura é preciso conferir as interpretações, fazendo perguntas ao texto tais como:

• Quem escreve?
• Que tipo de texto é?
• A quem se de destina?
• Onde é veiculado
• Qual o objetivo?
• Com que autoridade?
• O que eu já sei sobre o tema?
• Quais são os outros textos que estão sendo citados?
• Quais são as idéias principais?
• Quais são as partes do texto que apresentam: objetivos,conceitfls, definições, conclusões? Quais são as relações entre essas partes?
• Com que argumento as idéias são definidas
• Onde e de que maneira a subjetividade está evidente?
• Quais são as outras vozes que perpassam o texto?
• Quais são os testemunhos utilizados?
• Quais são os exemplos citados?
• Como são tratadas as idéias contrárias?
Essa interação entre leitor e texto exige ativação de conhecimentos que extrapolam a simples decodificação dos elementos constitutivos do texto.
A leitura ajuda a escrever melhor sendo assim, o processo de alfabetização deve ser muito mais amplo do que a simples identificação entre a grafia e emissão sonora. Deve abranger outras habilidades que levem o leitor a uma relação intensa e produtiva com a leitura e com a produção de textos.

A língua portuguesa originaria do latim vulgar lusitano falado pelos romanos que invadiram a Penísula Ibérica em 218 a,P. havia também o latim escrito, que era considerado uma língua de culturN de prestígio na época.
Em 409 d. c até 711- a língua teve influência dos povos germânicos e árabes aparecendo palavras que fazem parte do léxico atual do português.
Em 1095- com a reconquista cristã da Penisula Ibérica, o galego-português é instituído como língua oficial,mas no séc.XIII essa corrente literária foi extinta. Portugal decreta sua língua oficial, separando o galego do português por motivos políticos .
Nos séc. XIV ao XVI a língua portuguesa expandiu-se para a Ásia África e América. O português era arcaico, acrescentado de algumas palavras de origens italianas e gregds.
No séc. XVI o português é consolidado com o surgimento das primeiras gramáticas e dicionários. A grande obra "Os Lusíadas"de Luis de Camões é um marco do português moderno. Portugal se encontrava sob o domínio da monarquia espanhola, sugiram poucas transformaçõoeos na língua.
No séc. XVIII a cultura francesa predomina na sociedade metropolitana ocidental da época, afastando da língua falada em Portugal da língua falada nas colônias.
Nos séc. XIX e XX, com o advento tecnológico industrial, aparecem no léxico do por"guês, palavras e termos técnicos que traduzem o avanço tecnológico e cientifico presentes em alguns países do mundo e que são inseridos no português.
No Brasil no período da colonização (séc.XVl) o português europeu falado pelos e a língua geral que era a língua indígena que servia como meio de comunicação, interação entre colonos, europeus e os índios.
Segundo o professor Ayron Rodrigues (1996) havia três línguas gerais :a língua Geral Paulista era a língua Tupi, falada pelos mamelucos (uso generalizado pelos bandeirantes; a língua guarani, comum, usada pelos mestiços) i
A língua geral amazônica era a língua tupinambá, era para contato entre os colonos, soldados portugueses e índios ; continuou sendo falada pelos mestiços ou cablocos com o tempo foi-se distanciando, mas apesar do seu declínio até hoje é falada por parte da população de S.Gabriel da Cachoeira, no Rio Negro.
Outras línguas indígenas faladas naquela época que foram desaparecendo.
Em 1758 o marquês de Pombal, temendo a perda da hegemonia da Língua Portuguesa no Brasil proibiu o uso das línguas gerais e decretou o português como língua oficial do Brasil, elas continuaram sendo faladas, mesmo pribidas.
No início do séc, XIX com a chegada da família real, D.João também proibiu que se falassem as línguas gerais.
No séc, XIII, o português brasileiro apresentava traços fonéticos, morfológicos, sintáticos e lexicais diferenciados do português europeu
Com a vinda dos escravos recebeu contribuições lingüísticas dos africanos, também dos imigrantes europeus e asiáticos que colonizaram o sul e sudeste depois de 1822.
Outro motivo de afastamento do português brasileiro foi o surgimento de uma literatura ufanista, criada pela corrente literária romântica brasileira levando em consideração os falares regionais que se intensificou com o modernismo. Os poetas e romancistas comvocabulos e expressões apresentam a evolução do português, além de conhecer o contexto cultural da época.
Segundo Silva Neto (1977) no seu livro ele afina que a formação do Português Brasileiro, tem concepções etnocêntricas carregadas de preconceito contra os grupos sociais destituídos de prestígio e poder na sociedade colonial e que exaltam a língua eo grupo
social hegemônico que ainda continuam arraigados.
No contexto social atual a língua portuguesa é falada em todo o território nacional com cerca de 170 milhões de falantes (dados do IBGE), nosso país é considerado monolíngue , contudo, apresenta diferenças lingüística regionais variações lingüísticas Os falantes têm um dialeto peculiar com diferenças fonológicas lexicais . As influências multilinguisticas que incidem em contribuições multiculturais .
O Brasil pode ser considerado multilíngue levando em conta as línguas indígenas que hoje são aproximadamente 180; são parentas próximas do tupi e do tupinambá que constituem a família lingüística tupi -guarani.

TÉCNICAS DE REDAÇÃO-O QUE É PRECISO SABER PARA BEM ESCREVER

Ler é viajar, é prazer, é crescer intelectualmente, é conhecer novos caminhos, é um ato que segundo Lucília Garcez, em seu livro Técnicas de Redação , enriquece a memória, o senso crítico e o conhecimento sobre diversos assuntos acerca dos quais se pode escrever, apresentando-nos informações preciosas e orientações inteligentes, o que a nosso ver, um educador comprometido com sua práxis jamais pode desprezar, pois sabe incentivar seu educando ao hábito da leitura, despertar a fome de ler, de conhecer, de aprender e descobrir.
Refletindo sobre o livro, pude observar que ler pode ser prazeroso, mas não é simples, ao contrário, é uma atividade complexa e para que haja entendimento e produtividade a autora sugere alguns aspectos a serem observados como: quem lê, com que objetivo lê e principalmente que conhecimentos prévios este leitor trás a fim de facilitar um entrelaçamento de informações e leitura de intertextos presentes em todo tipo de leitura, confirmando sua afirmação de que a leitura não se esgota no momento que se lê, e um leitor maduro reconhece a hora de fazer uma leitura de caráter descendente ou ascendente, conforme seu interesse.
O interesse do leitor é que vai direcionar o tipo de leitura que ele irá realizar, e segundo Lucília , um leitor que lê com a perspectiva de estudo, deve entender alguns recursos e procedimentos facilitadores para alcançar uma leitura mais produtiva como: identificar e sublinhar com lápis palavras-chave; tomar notas; estudar o vocabulário; destacar divisões no texto para agrupá-las posteriormente; simplificação; identificação da coerência textual; percepção da intertextualidade; monitoramento e concentração, recursos esses, uma vez observados pelo estudante contribuirá na aquisição de habilidades cognitivas sem desperdícios de energia e tempo para um leitor que precisa compreender e interpretar o que lê, e definitivamente, a nosso ver, ser excluído da estatística de analfabetos funcionais.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

COMO SE FOSSE UM PREFÁCIO

foto by: Fabiana Mendanha (chapada dos Veadeiros-pôr do sol)

"O cerrado é milagre
(e também é pedaço do Planeta
que desaparece)
abraço meu irmão pequizeiro.
Ando de mãos dadas
Com minha irmã sucupira.
Meu pai jatobá sorri.
Mãe peroba não diz nada,
Apenas sente.
Minhas amigas abelhas
são filhas das flores.
Agora prepare seu coração:
Correntão vai passar e levar tudo:
Ninho de passarinho rasteiro também.
Depois do correntão
Brotou o que tinha que brotar,
Mas já era tarde.
Faca fina cortou raiz pela raiz.
Aí não brotou mais nada.
Aliás, brotou coisa melhor:

Soja, verdinha, verdinha
Que beleza, diziam.

Olhe bem os cerrados
da próxima vez.
Rastejar por entre cupins
E capins
E sentir o cheiro do anoitecer.

Antes de terminar pergunto:
Quem vai pagar a conta
De tanta destruição?
“tudo bem, daqui a 100 anos
estaremos todos mortos”
disse alguém.
Certo, estaremos todos mortos.
Mas nossos netos não.
O cerrado é milagre,
Minha gente."
NIKOLAUS VON BEHR

MANIA DE EXPLICAÇÃO

Escrevo bem porque leio muito ou leio muito porque escrevo bem?

A escrita depende do nosso conhecimento do assunto, da língua e dos tipos textuais. Para isso a leitura é fundamental.
Uma única leitura nem sempre é suficiente. Geralmente é necessário voltar ao texto algumas vezes, conforme nossos objetivos. E são eles que vão direcionar o ripo de leitura a ser realizada.
É importante desenvolver adequadamente estratégias de apoio técnico, de simplificação, de forma que possamos otimizar os esforços. É necessário que não haja desperdício de energia e tempo. A leitura deve se transformar a cada dia, em um exercício prazeroso. através da leitura entendemos a estrutura da língua, os gêneros, os tipos textuais, os recursos estilísticos com mais eficácia que as aulas e exercícios gramaticais. assim como um processo natural , a leitura ajuda escrever melhor!!

O que é preciso para escrever?

A escrita é um processo e como tal vai-se aperfeiçoando a cada dia. o caminho para escrever bem, passa por diversos fatores como: assunto, motivação, necessidade e ideia do leitor , fazendo com que o escritor avance em sua produção. É preciso coordenar o trabalho, para que não aconteça a tão famosa "fuga do tema".
A memória se faz presente. A memória vazia , produz texto fraco, sem substancia informativa ou linguística . cabe a nos procurar informações pautada na analise, reflexão,raciocínio ,visando assim , enfatizar melhor as ideias e aceitar sugestões que só fazem melhorar o nosso desempenho.
cada pessoa deve conhecer e estabelecer o seu procedimento na escrita e desenvolver tais habilidades e competências continuamente.Todos tem potencial basta exercitá-lo!
A língua do sertão
Pesquisadores de quatro universidades brasileiras seguem a trilha dos bandeirantes e descobrem no jeito caipira de falar marcas do português arcaico
Conceição Freitas Da equipe do Correio


Se um goiano caipira diz ‘‘pessuir’’ em vez de ‘‘possuir’’ ou ‘‘percisão’’ no lugar de ‘‘precisão’’ não se trata de uma inabilidade no uso da língua portuguesa, como se costuma pensar. São marcas de um português arcaico, trasladado para o interior do país pelos bandeirantes em fins do século 17 e durante o século 18. Essa herança se espraiou pelo interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e persiste até hoje no modo de falar de velhos habitantes das regiões por onde passaram os bandeirantes. Faz quatro anos que pesquisadores de universidades desses quatro estados brasileiros seguem o roteiro das bandeiras para entrevistar moradores antigos dos povoados mais afastados. Cerca de 80 pessoas já foram entrevistadas, o que resultou em centenas de horas de gravação e na descoberta das marcas da língua portuguesa falada pelos bandeirantes paulistas. ‘‘Partimos do princípio que o período da mineração de lavra pode ter sido, senão o mais intenso, sem dúvida, o primeiro entre os mais intensos movimentos de contatos lingüísticos no país. Línguas nativas, português e línguas africanas que conviveram estreita e intensamente nesse período’’, relata Heitor Megale, professor de Língua Portuguesa e de Filologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do projeto Filologia Bandeirante. O projeto nasceu nas aulas de pós-graduação em História da Língua Portuguesa, na USP, durante a leitura de textos portugueses dos séculos 13, 14 e 15. Os alunos identificavam, com freqüência, traços lingüísticos semelhantes ao Português falado ou mesmo escrito no Brasil. Era preciso, no entanto, ir a campo rastrear essa hipótese. ‘‘Surgiu então a proposta de se fazer um percurso por trilhas dos movimentos de ida para o sertão, para conferir se seria possível ainda encontrar-se alguma identificação desse português em entrevistas com idosos radicados no lugar’’, conta o professor Megale, É o que tem sido feito há quatro anos por pesquisadores da USP e das universidades federais de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. O projeto caminha em dois sentidos: segue a trilha dos bandeirantes para localizar pessoas com idade entre 60 e 90 anos, filhas ou netas de moradores da região, analfabetas ou de baixa escolaridade, que tenham se mantido razoavelmente isoladas e sem nenhum ou quase nenhum acesso aos meios de comunicação. E escarafuncha quase mil páginas de manuscritos dos séculos 17 e 18 recolhidas em arquivos e cartórios das regiões mais dominadas pela expansão bandeirante. Nesse percurso, os pesquisadores encontram no sul de Minas e no interior de São Paulo expressões do tipo: ‘‘Dá uma esmolna por amor de Deus’’. Esmolna remonta aos séculos 13 ou 14, do latim eleemosyna, esmola. Em Goiás, os pesquisadores encontraram a palavra treição (traição) que está em textos do poeta português Sá de Miranda, do século 16, mas com a acepção de de repente, no sentido de surpresa. Pessuir, por exemplo, é uma forma encontrada em escritos do século 18. A forma despois, muito usada neste vasto sertão do Centro-Oeste brasileiro, era usada no século 17, e até hoje faz parte da linguagem popular do português de Portugal. Formas que são desqualificadas, ironizadas ou tratadas como incompetência dos matutos no uso da língua portuguesa são, na verdade, palavras que vêm desde o século 13, 300 anos antes de Pedro Álvares Cabral ancorar na costa brasileira. As formas quaje ou quase (o atual quase), quige (quis) e fie (fiz) são desse período. Toda essa herança que resiste aos séculos demonstra o quão intenso foi o contato de línguas nativas com o português. Sim, porque antes de os bandeirantes se embrenharem Brasil a dentro, os povos isolados do sertão falavam a língua geral, como é chamado o tupi-guarani usado pelos índios na época do Brasil colônia. O projeto Filologia Bandeirante, como explica o professor Heitor Megale, avança um pouco mais no estudo, ainda incipiente, do Português falado no Brasil. Mais que isso, o projeto permitiu aos pesquisadores conviver com pessoas que passam privações, mas vivem sem pressa — como seu Severino, de São Tiago, Minas Gerais, que disse: ‘‘A vida aqui, moço, é dura, é dura, é dura diveras.’’. Diz o professor Megale, já na fase final do projeto: ‘‘Tenho recebido imensas e ricas lições de vida desses brasileiros isolados. Eles têm uma nobreza, como a linguagem que lhes é própria, que não encontramos na vida urbana.’’
GOIÁS E TOCANTINS SERTANEJOS
Moradores das seguintes cidades foram entrevistadas para a pesquisa Filologia Bandeirante

Amaro Leite
Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis)
Cana Brava (atual Minaçu)
Catalão
Descoberto (atual Porangatu)
Guarocumbá (atual Corumbá)
Meia Ponte (atual Pirenópolis)
Mestre d’Armas (atual Planaltina)
Nossa Senhora da Natividade (atual Natividade)
Porto Imperial (atual Porto Nacional)
Santo Antônio do Morro do Chapéu (atual Monte Alegre de Goiás)
São José do Caiamares (atual São José do Cajamar)
São José do Tocantins (atual Niquelândia)
Vila Boa de Goiás (atual Goiás)